Sempre, desde pequena, fui atraída pelo fogo da lareira.
Lembro-me de que até nas brincadeiras de rua com as minhas
amigas, às vezes e à revelia dos pais, as mais velhas acendiam um pequeno lume,
à volta do qual brincávamos e recriávamos cenas que provavelmente observávamos
em casa.
Podendo parecer um gesto perigoso, na altura não seria tanto
assim.
Era tudo muito pacífico e tranquilo.
Pelo menos as amigas que me rodeavam.
Havia sempre uma líder a quem os pais nos confiavam.
Isto tudo para falar do meu fascínio pelo fogo da lareira.
Talvez porque cresci e vivi durante bastante tempo à volta desse
fogo de lareira.
Talvez porque em seu redor eu bebi muito do que sou hoje.
Talvez porque me devolve o que deixei para trás.
Talvez…
Talvez porque me identifico com a tranquilidade serena
daquela chama.
Às vezes dou comigo sentada no chão a olhá-la fixamente e sou
encaminhada para tempos que me deixam feliz e agradecida.
Pode parecer saudosismo.
Se calhar até é.
Mas é um saudosismo saudável.
Daquele que aquece e aconchega, tal como a chama da lareira.
Daquele que me devolve a serenidade e a paz que ao longo da
vida sempre tenho procurado.
É bom não ser muito exigente com a vida!...
Abraço.
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