É um espanto.
Neste e noutros países, os cirurgiões plásticos não devem
ter tempo nem sequer para olhar para o lado.
Não há cara, peito, e outras «peças», que não se tenham já
submetido à recauchutagem.
Não há dúvida de que, hoje em dia, a imagem é que conta.
Como tal, vá de tirar daqui e pôr ali, para que tudo se
mantenha «no lugar».
Aceitar a idade, as marcas do tempo é que não.
Não assumem os estragos que a idade vai deixando.
O peito descaído, o rabiosque mole, a pender para o chão.
A flacidez que teima em se fazer notar!...
Correm esperançadas em que a técnica e a ciência os e as mantenham
com o aspecto dos vinte anos.
Tão depressa se vêem murchas e desfolhadas, como aparecem com
cara de bonecas de porcelana e corpo de Barbies.
Ainda há dias, um desses célebres cirurgiões portugueses,
disse, até um pouco constrangido, que já tem recebido senhoras com fotos de
outras, para que ele faça igual!...
É para ele um trabalho delicado, ter de as fazer perceber,
que, serviços daqueles, ele não os faz.
Quando se chega à situação de não nos aceitarmos, algo tem
que correr mal com o nosso ego.
É preciso aceitar que a vida tem as suas fases.
Por muito que a ciência consiga, não consegue impedir
ninguém de envelhecer.
Quando muito, melhora aspectos por uns tempos.
Depois, tudo vai murchar um dia.
É bonito assumirmos as nossas rugas.
A nossa idade.
É saudável aceitarmo-nos como somos.
O fim irá chegar um dia.
Essas mesmas senhoras recauchutadas, só durante algum tempo
manterão um aspecto rejuvenescido.
Mesmo com as revisões, há-de chegar o momento em que a
recauchutagem já não resultará.
Abraço.