A propósito desta chuva que cai copiosamente, lembrei-me de
uma estória doce e cheia de pedagogia, que tantas vezes contei às crianças que
me foram confiadas.
Tal como na estória, também as minhas gotinhas vieram
ajudar.
Durante muito tempo, as meninas gotinhas de água
mantiveram-se calmas lá nas profundezas do mar.
Lá em baixo estava-se bem e assim descansaram mais um pouco.
O ruído, cá em cima, não condizia com elas.
Acontece que passado um bom tempo, sentiram que era o
momento de espreitar a superfície.
Pareceu-lhes que, para lá do ruído do mar que se agitou de
repente, o sol se fechou.
A gotinha mais dinâmica reparou que as nuvens estavam
carregadas.
De repente, sem saber como, viu-se poisada numa, a sobrevoar
o mar e os campos.
A gotinha de água achou tudo muito seco e triste.
Os campos rachados com tanta secura, as plantas vergadas com
sede, os rios não corriam, as barragens estavam semi-vazias e os Homens andavam
cabisbaixos e sem sorriso.
A vida sem água não era possível.
Assim, pensando depressa, a menina gotinha de água chamou as
suas irmãs.
Deram as mãos e foram em socorro de todos.
Deixaram-se escorregar pelas folhas, pelos caminhos, pelos
campos.
Encheram rios, poços e barragens.
A terra ficou prenhe de água e quem precisava dela sorriu de
felicidade.
As flores abriam as pétalas em forma de agradecimento.
As árvores tornaram-se mais verdes e deram frutos saborosos.
Os passarinhos cantavam, aninhados nos galhos.
As searas engrossaram e o grão transformou-se em pão.
As ervas, alimento dos animais, cresciam e prometiam fartura.
A terra, hidratada pela chuva, não se cansava de produzir.
As meninas gotinhas de água olharam lá de cima e viram nos
rostos dos Homens um sorriso gigante que as encheu de alegria.
O sol… mostrou-se resplandecente!
Agora sim, pensaram.
Tudo era vida.
Podiam recolher-se outra vez.
Abraço.
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