Não esperava mesmo.
Passaram trinta e sete anos.
Cabinda, Buco Zau
Duas crianças: Nuno e João.
Duas crianças em plena floresta do Maiombe.
Também elas «recrutadas» para a guerra.
Era preciso, junto com a mãe, apoiar o pai, médico.
Também ele chamado a cumprir o «dever».
Ainda hoje vejo os dois, escorrendo suor.
Massacrados com o calor.
Arrastavam-se pingando.
O João ainda com fralda e chucha.
Penso que um ano e meio.
Cabelos pretos um pouco longos, caíam-lhe em cachos.
Olhos negros grandes de carvão.
Fralda pesada de suor e às vezes não só.
Que eu mudei algumas vezes!
O Nuno, pouco mais velho.
Pele clara, cabelo louro.
Olhos grande e bonitos.
Era calmo e ponderado.
Conviviam os dois com o calor, arrastando-se todo o dia sem
exigirem quase nada.
Só mais tarde iriam perceber o porquê daquele castigo!...
Que bom que tenham tomado consciência.
Conhecendo os pais como conheço, nem seria de esperar outra
coisa.
Fiquei muito contente por o Nuno ter entrado em contacto.
Por o saber sensível e curioso do seu passado.
Que, como não pode deixar de ser, fará parte da sua história
de vida
Obrigada, Nuno, por teres transcrito parte do meu texto no
teu facebook.
Fiquei reconhecida e ao mesmo tempo surpreendida.
Que bom ter feito parte da vossa vida durante algum tempo.
Um beijo grande aos dois.
Dulce
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