terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Disparar




Esta simples palavra, disparar, pode levar-me muito longe.
A um sítio bem distante, e a um som que tenho bem gravado.
Guardado numa gaveta da minha memória.
Essa gaveta não está, e não é por acaso, arrumada no fundo de nenhum baú escondido.
Está bem à mão.
A minha memória recorda-mo com frequência.
De repente, lá estou eu a dez mil quilómetros de distância.
Lá, em Buco Zau, Cabinda, durante a guerra colonial.
Nas colunas militares para o mato, fazia-se fogo de reconhecimento nos sítios considerados mais perigosos.
Fogo de rajada e de morteiro.
Eu ouvia em casa.
Acreditam?
Tá… tá…tá…Pum! Pum!

Disparar:

Também posso ouvi-la bem perto.
Dentro de mim.
Sempre que o meu coração se solta e insiste em bater depressa.

Disparar!...

Leis, cortes, imposições.
Essas não são rajadas sonoras.
Fazem tá…tá…tá…Pum!
Mas em silêncio, levando ao desalento.

Disparar!...

Abraço.

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