Esta simples palavra, disparar, pode levar-me muito longe.
A um sítio bem distante, e a um som que tenho bem gravado.
Guardado numa gaveta da minha memória.
Essa gaveta não está, e não é por acaso, arrumada no fundo
de nenhum baú escondido.
Está bem à mão.
A minha memória recorda-mo com frequência.
De repente, lá estou eu a dez mil quilómetros de distância.
Lá, em Buco
Zau , Cabinda, durante a guerra colonial.
Nas colunas militares para o mato, fazia-se fogo de
reconhecimento nos sítios considerados mais perigosos.
Fogo de rajada e de morteiro.
Eu ouvia em casa.
Acreditam?
Tá… tá…tá…Pum! Pum!
Disparar:
Também posso ouvi-la bem perto.
Dentro de mim.
Sempre que o meu coração se solta e insiste em bater depressa.
Disparar!...
Leis, cortes, imposições.
Essas não são rajadas sonoras.
Fazem tá…tá…tá…Pum!
Mas em silêncio, levando ao desalento.
Disparar!...
Abraço.
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