Desde sempre, ouvimos dos nossos pais estórias dum mundo
imaginário e fantástico.
Lembro-me que me deliciava com elas e pedia sempre mais.
Ainda hoje as guardo e algumas já foram passadas a outros,
que igualmente as saborearam.
Vem isto a propósito do Natal, que se vai aproximando
devagar.
Também porque era no inverno que o tempo era mais propício
ao recolhimento e às reuniões de família.
À lareira, essas estórias tinham ainda um sabor mais
intenso.
Com o aproximar da época festiva do Natal, a estória do
Menino Jesus era contada de uma forma respeitosa e empolgante.
A fuga de seus pais para o protegerem da ordem do rei
Herodes, o «mau», levou a que nascesse numa cabana que acolhia um burro e uma
vaca.
Que, num gesto solidário, o aqueceram com o seu bafo quente,
naquela noite gélida
de Dezembro.
A manjedoura terá sido a sua primeira cama.
Aquele cenário de pobreza e despojamento era impressionante
para uma criança digerir.
Toda aquela época era vivida num mundo imaginário de
criatividade infantil.
Diria até que se prolongou por largos anos este delírio
saudável que alimentou as nossas fantasias juvenis.
Qual não foi o meu espanto, quando há bem poucos dias, o
Papa actual veio lesto desfazer esta fantasia.
«O presépio não teve vaca nem burro», disse.
Este Papa, altamente culto e intelectual, não precisava de
privar deste sonho bonito tanta gente miúda e até graúda!
O que é que ganhou com isso?
Pelo menos devia ser-nos reservado o direito à fantasia e ao
sonho!
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