Por muito difícil que seja o momento por que estamos a
passar, é inevitável não sentir que o Natal está por aí.
Ao contrário dos outros anos, são poucas as casas que se
encontram decoradas com motivos natalícios.
Contudo é quase impossível não sentir o cheirinho.
A mim toca-me sobremaneira a música alusiva à época.
São melodias suaves, tranquilas, que mexem comigo e me levam
sempre de «viagem».
.
Em português seria:
Noite feliz, noite feliz / Ó Senhor, Deus de amor /
Pobrezinho nasceu em Belém / Eis na lapa Jesus, nosso bem
/ Dorme em paz, ó Jesus / Dorme em paz, ó Jesus...
.
Nestas alturas, percorro a minha vida desde criança.
Visito em pensamento todos os locais onde a tradição se
consumou.
Sinto de uma forma especial, ainda que à distância, os
sítios, os cheiros e o calor humano que então se vivia.
Então não havia estas músicas a tocar por todo o lado.
Apenas se ouviam na igreja os cânticos religiosos que já me fascinavam.
Talvez por isso tenha dentro de mim o gosto por elas.
Sinto-as com qualquer coisa de misterioso.
Revejo-me no local onde nasci, de uma forma quase real.
Quase sinto o calor da lareira e as vozes das pessoas que me
eram queridas.
Saudosismo, dirão alguns.
Não.
É apenas um sentimento forte de pertença.
São as minhas raízes a não quererem que eu me solte
completamente.
Foi uma herança boa, de que não deixam que me separe.
Apesar de às vezes ser um pouco doloroso, também me trazem
de volta momentos únicos.
Todas as tradições que lá vivi fizeram de mim a pessoa que
sou.
Afectiva, sensível e solidária.
Até parece um auto-elogio.
Não é.
São apenas três adjectivos, que têm, desde sempre,
dificultado a minha existência.
Abraço.
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