Quando o mar está um pouco agitado, ouve-se nitidamente o
seu rebolar aqui em casa.
Naquela noite foi demais.
Ele não só rebolava, como troava.
Mesmo aqui, a uns escassos três ou quatro quilómetros,
impunha alguma apreensão.
Devo confessar que a minha noite foi até um pouco menos
serena do que o costume.
Ao acordar, deparei com a notícia trágica, da «ceifa» de
seis vidas ainda jovens.
O mar, pelo menos este que tão bem conheço, pode ser um
grande amigo, um grande confidente e recebe todos de portas escancaradas.
Mas tem o seu brio.
Gosta que reparem
nele.
Precisa de se espreguiçar, de alongar e deitar fora a raiva
que sente.
Faltas de respeito não.
Ignorarem-no, olharem-no sem o ver?
Afinal ele é uma potência!
Serve-nos a todos!...
Aqueles jovens, pela certa, não o viram.
Não mediram as consequências do tão poderoso.
A idade, a alegria de viver têm destas coisas.
A falta de experiência de vida não deixa tempo para o essencial.
Os livros por onde estudam, não lhes transmitem estes
códigos de conduta.
Tão jovens e com tantos projectos!
Isso, o mar não
entendeu.
Estava demasiado
zangado.
Abraço.
Sem comentários:
Enviar um comentário