Era e ainda sou fascinada pelo Natal.
Pelo Natal autêntico, o que se vivia nas aldeias.
O Natal ingénuo, despretensioso, puro e sem consumismos.
O Natal quente de emoções e afectos.
Aquele natal que dava prioridade à família, ao convívio e à fraternidade.
Sem adulterações, sem importações nem imitações deslocadas e
desencaixadas.
É desse Natal que ainda gosto.
Da azáfama que antecede o dia.
Da noite da consoada.
Do lume com grandes arrumadouros, da panela de ferro pronta
para receber as batatas, o bacalhau e as couves brancas queimadas pela geada.
Do ritual da amassadura das «filhózes».
Do entusiasmo, da preocupação para que nada esquecesse.
Da mãe a amassá-las com o suor a correr pelo rosto, apesar
do frio na rua.
Que saudade desse Natal, em que a família rodeava a fogueira
para o chá e a prova do acepipe acabado de fazer: filhós feitas em grande frigideira e com azeite da terra!
Esse Natal que me tirava o sono, à espera da prendinha
simbólica que me deixavam no sapato junto da lareira!
Esse é o Natal dos meus encantos.
Era o que me enchia o coração e a alma.
Para onde mandaram esse Natal único?
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