Por motivos óbvios, em determinada altura da minha vida, tive
que deixar a aldeia onde nasci e onde vivi durante vinte e três anos.
Como já aqui tenho referido, tenho bocadinhos de mim
espalhados por aquela aldeia e transporto, ainda hoje, os bocadinho que
arranquei dela.
As sensações, os cheiros, os sabores, paisagens e vivências.
E pessoas!!!...
O que mais me marcou foi a saudade daqueles e daquelas com
quem me sentia tão bem.
Tudo o que já descrevi foi motivo de grande desconforto nos
primeiros dois / três anos de adaptação ao novo ambiente.
Senti uma nostalgia tão grande, que às vezes me impedia de
ser completamente feliz.
Dividida, fui pagando, inflacionada, aquela separação
inevitável, daquele «ninho» quente e aconchegante, onde os afectos fervilhavam.
A saudade doeu demais. O ambiente frio e impessoal da
cidade, a indiferença das pessoas, a ausência de afectos e a solidão, apesar do
ruído, eram um imenso deserto onde reinava a confusão.
Nada nem ninguém me
dizia nada, fora das quatro paredes em que habitava.
A «minha» nova terra, não tinha nada de minha. Era apenas um
compacto de gente e ruído que no meu cérebro, provocava um vazio imenso.
Hoje, à distância, recordo como foi sentir-me desenraizada,
e perdida no meio de tanta gente!
A vida tem estas vertentes, às vezes necessárias, para que
cresçamos e nos tornemos seres independentes.
O preço, esse, é por vezes, um tanto alto.
Abraço.
Sem comentários:
Enviar um comentário