quinta-feira, 13 de março de 2014

A aldeia que eu carrego

 


Por motivos óbvios, em determinada altura da minha vida, tive que deixar a aldeia onde nasci e onde vivi durante vinte e três anos.
Como já aqui tenho referido, tenho bocadinhos de mim espalhados por aquela aldeia e transporto, ainda hoje, os bocadinho que arranquei dela.
As sensações, os cheiros, os sabores, paisagens e vivências.
E pessoas!!!...
O que mais me marcou foi a saudade daqueles e daquelas com quem me sentia tão bem.
Tudo o que já descrevi foi motivo de grande desconforto nos primeiros dois / três anos de adaptação ao novo ambiente.
Senti uma nostalgia tão grande, que às vezes me impedia de ser completamente feliz.
Dividida, fui pagando, inflacionada, aquela separação inevitável, daquele «ninho» quente e aconchegante, onde os afectos fervilhavam.
A saudade doeu demais. O ambiente frio e impessoal da cidade, a indiferença das pessoas, a ausência de afectos e a solidão, apesar do ruído, eram um imenso deserto onde reinava a confusão.
 Nada nem ninguém me dizia nada, fora das quatro paredes em que habitava.
A «minha» nova terra, não tinha nada de minha. Era apenas um compacto de gente e ruído que no meu cérebro, provocava um vazio imenso.
Hoje, à distância, recordo como foi sentir-me desenraizada, e perdida no meio de tanta gente!
A vida tem estas vertentes, às vezes necessárias, para que cresçamos e nos tornemos seres independentes.
O preço, esse, é por vezes, um tanto alto.


Abraço.

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