domingo, 30 de março de 2014

Pirolitos

  














A garrafa dos pirolitos e os berlindes...





Pois é. Eu também me lembro da Cristalina do Soito!
Mas, meus amigos, vou contar-vos uma pequena estória  que, para alguns, é mesmo uma novidade!
Sabiam que a primeira fábrica de refrigerantes da nossa zona (pelo menos do meu conhecimento) pertenceu á minha família?
É verdade! Sim, à família dos Abades da Moita.
Era a chamada fábrica das laranjadas e dos pirolitos.
 Estava situada no Terreiro das Bruxas, no rés- do- chão da casa da minha tia Patrocínia Martins.
Pertencia a ela, a meu pai e penso que também ao meu tio Armando Martins. Se estiver enganada, alguém com conhecimento que me esclareça, se faz favor – algum primo que se lembre.
Pois é verdade: faziam-se lá uns pirolitos e umas laranjadas que eram um mimo!
Tudo em modo artesanal e feito pelos próprios.
Eu tenho, claro, ainda na minha memória, a imagem de estar com eles muito curiosa a ver como é que aquela maquineta rústica conseguia encher de líquido aquelas garrafas estreitas… e como tudo saía de lá tão correctamente acomodado e tão saboroso!
Mas o entusiasmo maior, era quando alguma garrafa se partia!... O ar chateado dos responsáveis era compensado com o meu entusiasmo.
Saíam de lá de dentro umas bolas de vidro, que eram a minha delícia. Eram aquilo a que na altura se chamava berlindes.
(Os pirolitos eram tapados à pressão com essas bolas de vidro e, para se abrirem, tínhamos que pressionar com o dedo polegar).
Eram berlindes de «luxo», comparados com as bogalhas dos carvalhos, com que os miúdos jogavam!....
Gostei de vos dar conhecimento desta pequena fábrica, de que poucos já se lembrarão.
Para mim foi mais uma aventura de criança que alegrou os meus dias.


Abraço.

2 comentários:

  1. Este artigo, fez-me reviver aqueles cinco anos, em que morei, portas meias com a fábrica de pirolitos (?) cuja marca se me varreu da memória. Funcionava no rés do chão, do prédio de um andar. Não vou descrever a mesma, pelo que li acima, seriam todas idênticas.
    As diferenças estavam no uso que dávamos às garrafas ou ao que delas restava.
    As miúdas deliciavam-se com os berlindes, prejuízo de pouca monta para a firma.
    Nós os rapazes seduzia-mos os mais novos de três gerações, colegas de escola e que trabalhavam (?) na fabriqueta, para surripiarem algumas garrafas.poucas de cada vez, para não serem descobertos.
    Depois era a festa. Cinco tostões de carbureto de cálcio na drogaria do maneta e uma ida até ao rio. Aí uns pedacinhos de carbureto para a garrafa, água até quase encher e aguardar a reação química. Quando a garrafa começava a aquecer e a ganhar pressão, a mesma fazia a viagem de morte até ao cardume, que já tínhamos localizado. Alguns curtos minutos de espera e bummm! Muito peixinho, mais que aquele que pescavam os profissionais da cana. Isto no tempo em que os rios tinham peixe e não poluição.

    Obrigada Dulce, por me fazer regredir no tempo, um tempo de escassez de bens da mais diversa natureza, mas bem mais feliz que o presente em termos pessoais. Pelos outros espero que tais tempos não voltem.

    Abraço

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  2. Olá amigo Oliveira! Gostei que voltasse e me contasse também a sua estória, por sinal muito engraçada, não fora a carnificina dos peixinhos! Sabe que também eu também comi muitos apanhados assim à traição. Um primo, era o autor dessa proeza!...Afinal as crianças dessa época, viviam todas mais ou menos as mesmas experiências! foram realmente tempos muito bons e que nos fizeram muito felizes! Hoje, precisamos de reaprender a viver no meio de tanta trapalhada e falta de dignidade!...
    Sobreviveremos, se não perdermos a esperança em dias melhores. Estou a notar que por aí, apesar de tudo, os ânimos estão a melhorar! Gostaria que fosse assim. Não deixe de contactar, é bom saber que se está a aguentar! Abraço.

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