Em jovem, a partir do momento em que a curiosidade pelo saber me bateu à porta, lembro-me de que ficava fascinada quando ouvia alguém falar, daquela forma que eu achava bonita.
Atenta, ouvia a pessoa e desejava um dia saber falar assim
bonito.
Que maravilha, pensava! Como fala bem!
Acho até que não entendia muito bem o discurso nem o sentido
da coisa. Mas que era lindo de ver e ouvir, lá isso era.
As pessoas à volta diziam: «Que bem que fala, tem o dom da
palavra».
Se fosse uma pessoa bem apresentada, então os elogios duplicavam.
Nessa altura remota, eu, com a minha simplicidade e pouco
conhecimento, ainda não tinha percebido que, a maior parte das vezes, o que
prendia as pessoas era apenas o cenário e o tom de voz mais ou menos inflamado.
Que, muitas vezes, se limitavam a debitar um discurso oco e
sem conteúdo.
O que a ingenuidade e a ignorância faz das pessoas.
Hoje, ao pensar neste assunto, pergunto-me: onde é que eu, neste
tempo presente, já vi algo semelhante?
Só que hoje percebo quando a palavra está a ser usada e
manipulada, para fins menos honestos, por pessoas menos honestas!
A partir daí, tiro as minhas ilações.
A partir daí, tenho também uma radiografia mais ou menos
fiável de quem a utiliza de forma indevida e desrespeitosa.
Hoje, sei que a palavra é uma arma que pode não só aleijar,
como aniquilar qualquer um.
Sei também, como o respeito por ela é tão importante.
Abraço.
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