segunda-feira, 27 de junho de 2011

Retalhos de uma vida










A vida é feita de episódios.
Uns bons, outros maus, outros assim-assim.
Já vivi o suficiente para guardar na minha memória alguns deles.
Uns marcaram-me pela positiva, outros, antes pelo contrário.
Já referi aqui no meu espaço alguns, apenas alguns, que me arrasaram.
Que marcaram fundo a minha personalidade.
Contudo, nem tudo é pesado e duro.
Há também momentos de que me recordo que merecem referência pela positiva.
Guardo na minha memória situações muito divertidas.
Em algumas, cheguei a participar. Doutras, apenas tomei conhecimento através de relatos feitos com muita piada.
A minha meninice foi passada junto da família.
Minha avó, a quem chamava carinhosamente de madrinha.
Minhas tias, por quem sempre tive uma amizade muito forte.
Passei junto delas momentos muito agradáveis e de alegria genuína.
Alguns deles hilariantes.
Na minha aldeia, só por volta dos anos setenta houve abastecimento público de água.
Foram abertas grandes valas em toda a volta.
Um tio meu, que era noctívago e gostava muito de um copinho, regressava sempre a casa fora de horas.
A minha tia (mulher dele), bondosa, paciente, lembrou-se de o poupar a uma valente queda.
Como o largo onde moravam era pouco iluminado, pôs à janela um candeeiro a petróleo.
Achou que assim ele veria a vala mesmo em frente.
Só que o copito era dos bons mesmo.
O meu tio em vez de olhar para o chão, ficou embasbacado a olhar para a luz…
«Porque será que aquilo está ali na janela»?
Pumba!
Lá vai ele para dentro da vala.
Ficou lá a chamar pela «Zabeli» até que ela, coitada, acordou do seu sono acostumado a ser perturbado por situações destas e outras parecidas.
Penso que foi um episódio digno de ser registado.
Ela, frágil e com poucas forças, a tentar ajudá-lo.         
O que era ainda mais engraçado era no outro dia, ela a contar o episódio na sua intimidade familiar, com um humor refinado e uma resignação de admirar.
Para a minha tia Isabel o meu apreço e a minha saudade amiga.
Que saudades!

Abraço.

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