Para mim, poesia pode ser… um momento bonito.
Um momento que pela sua beleza, pela sua ternura, me
sensibilize.
Me encante e me faça sentir bem.
Aconteceu-me hoje no ginásio.
Enquanto fazia um exercício junto da ampla vidraça, eis que
uma ave minúscula se juntou a mim.
Do lado de fora, claro.
Ficou largos momentos a olhar ao mesmo tempo que picava no
vidro como que a querer entrar em diálogo.
Observei embevecida aquela aparição.
Apeteceu-me partilhar com alguém aquele momento de paz.
Em silêncio, fiz sinal ao António, meu professor.
Aproximou-se.
Creio que também ele gostou do que viu.
Parou em frente à vidraça e sorriu.
Pedi desculpa por o ter importunado.
Respondeu de imediato:
«Também gosto da natureza e gosto de pássaros.
Se calhar também precisa
de exercício!»
O António é um rapaz jovem, muito fora do comum para a época
e deve trazer o cérebro cheio de teorias do desporto.
Acaba o mestrado este ano.
Contudo, a sensibilidade não lhe passou ao lado.
E outras pessoas vieram admirar o momento.
Afinal, esta vida não é só a preto.
Tem cores várias, que nos remetem às vezes para junto do
arco-íris.
Aquela avezinha, com uma aparência insignificante, passou
para dentro do ginásio as suas boas energias.
A Primavera está mesmo a chegar!
Abraço.
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