sábado, 11 de dezembro de 2010

Insólito











Num fim-de-semana solarengo e movimentado em Sesimbra e durante uma caminhada em passo rápido na baía, passa-se por centenas de anónimos cada um no seu mundo.
No meio de uma conversa animada e descontraída, a surpresa acontece. Fazendo ouvir a sua voz segura e consciente da surpresa que ia provocar, eis um velho cidadão com cara de pescador, que diz:
– Boas tardes, senhores.
– Como? – perguntámo-nos com o olhar expectante.
Durante uns segundos hesitámos, mas logo os dois ao mesmo tempo voltámos para trás e saudámos a pessoa com um aperto de mão.
Dissemos:
– Falta de hábito, é desta sociedade... Desculpe.
E ficámos ali à conversa com ele uns bons cinco minutos.
A falar sobre a tal sociedade desumanizada e sem valores que já nos transformou nestes andantes aluados e egoístas.
Vimos alegria no seu olhar!.. Já fez isto a outras pessoas e nem resposta.
Notava-se que estava com um copito, mas apenas o suficiente para ter o à-vontade de dizer o que lhe vai na alma todos os dias.
Também nós ficámos melhor por termos dado razão e atenção a quem por certo a precisava.
Quando regressámos, a pessoa já não estava. Provavelmente, foi contar o sucedido a alguém...         
Grande lição de civismo que este cidadão pacato e conhecedor dos bons princípios nos deu naquela tarde em Sesimbra.
Abraço.

1 comentário:

  1. Pois é verdade, eu aqui na minha zona tambem faço isso e as pessoas ficam surpresas como voces ficaram! O portugues é imensamente"trombudo" e não gosta de se manifestar, mas isso é fruto dos tempos: grandes aglomerados, muita gente, muita desconfiança e desconforto, e as pessoas até parecem bichos, e incapazes de saudar e conviver! Aqui cruzo com imensos turistas e a diferença é abismal, e isso é bom! Abraços

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