segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Silêncio










Nunca como agora o saboreei. Sinto-o à minha volta, quase o oiço. Um pássaro inoportuno mas feliz interrompe, com a sua visita habitual aos filhotes que chilreiam no ninho. Apesar disso, não impede esta introspecção desejada e consentida. Ter tempo e ambiente para ponderar melhor na situação actual do meu país. O que é feito da educação, da cultura, da saúde, do emprego, que a Constituição consagra? Porque se lê
nos olhos das pessoas  tristeza e desalento?
Tenho pena de que tudo esteja subvertido.
Chego à conclusão de que, à minha maneira, e dentro do que me foi possível, também ajudei a sair de cinquenta anos de silêncio imposto e medo contido. Não soubemos utilizar a liberdade que conquistámos, demo-la de barato, a semente não floresceu, era estéril. Deixámos que os valores básicos se perdessem, a educação, o afecto, a ternura, e a solidariedade não nos dizem nada. Apesar de a situação nos passar à porta, vivemos indiferentes a tantos e tão profundos problemas que giram diariamente à nossa volta. É bom viver longe do bulício, da intriga, da mentira e da injustiça.
Pode parecer uma atitude egoísta mas não é: é apenas uma defesa.

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