Pronto.
Está feliz o capital.
O golpe de misericórdia foi dado.
Tudo o que foi conseguido com a revolução de Abril escoou-se
assim, nas barbas dos trabalhadores.
Sem grande alarde.
Como este povo é submisso.
Como recebe tudo quase sem queixas.
Conformado e pronto a agarrar o futuro.
Que lhe oferece tão pouco ou nada!...
Se os senhores governantes fazem, é porque é preciso.
«A vida está má, mas se tem que ser assim».
Parece que anda tudo meio anestesiado.
Meio atordoado.
Enquanto suas excelências decidem, fazem leis e as impõem.
Imperturbáveis e donos.
Insensíveis e altivos.
Deceparam o cravo.
O cravo das nossas alegrias.
O cravo que foi o símbolo da liberdade.
Está a nossos pés.
Desfolhado e morto.
Decepado sem dó nem piedade.
Pronto.
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