domingo, 22 de abril de 2012

Carimbos






















São-me familiares.
Durante quatro anos, passaram-me pelas mão centenas se não milhares deles.
Pum!...Pum…Pum…

Eram as cartas as encomendas os postais, etc… que saíam todos os dias do posto de correio de que eu, com dezassete anos, era responsável.
Menor.
Menor mas responsável.
Era dali que vinha o sustento para eu e a minha mãe nos aguentarmos sem mexer na pequena maquia que meu pai deixou ao morrer.
Como se tivesse premeditado o que aconteceu inesperadamente.

Carimbos.
Pum…pum…pum…
Também na minha cabecinha de adolescente ainda a acabar de crescer.
Pum…pum…pum…
Meio atordoada.
Meio sem saber como seria amanhã.

Carimbos.

As notícias seguiam alegres ou tristes para os que estavam longe.
Em França, na Alemanha, em Lisboa…
Os que ficavam esperavam resposta.
«Não tenho carta hoje?...»
«Ó que bom, já chegou carta!»

Carimbos.
Todos os dias.
Pum…pum…pum…

Na minha cabecinha de jovenzinha havia insegurança.
Medo de falhar aquela responsabilidade pequenina, mas para mim tão grande!

Pumm…pum…pum…

Carimbos que vão, carimbos que vão ficando!...

E a aprendizagem para mulher.

Carimbos.

Abraço.

Sem comentários:

Enviar um comentário