sexta-feira, 6 de abril de 2012

A Festa de Flores














Na minha meninice e juventude, sempre ouvi a minha mãe referir-se à Páscoa como a Festa de Flores.

Não sei se esta expressão é conhecida por quem me lê.
Eu sempre a achei bonita e cheia de frescura.
Penso que seria chamada assim porque a Páscoa acontece na Primavera, quando as flores já despontam e os campos se mostram com a alegria da cor e do sol.
A festa de flores era recebida com brio.
Depois das casas bem limpas e arejadas, eram alindadas.
Recorria-se a tudo o que de mais bonito e de estimação havia em casa para a decorar.

Na segunda-feira seguinte, recebia-se o pároco que ia dar as boas-festas e benzer as casa com aspersões de água benta.
Era recebido na melhor sala da casa, que cheirava a limpo.

Ainda hoje guardo com muito carinho a toalha que a minha mãe usava nesse dia.
As flores não faltavam, mas as rainhas da mesa eram as camélias.
Num pratinho cheio de pétalas de silva fina, uma flor branca muito delicada, eram depositadas as moedas disfarçadas.
Um pequeno contributo para o pároco.
O sacristão levava com ele um saco onde à saída as depositava.
A casa era o orgulho de quem a preparava.
Só depois de alguns dias se retiravam os objectos de maior estimação.
Voltavam às arcas e às gavetas, para no próximo ano voltarem a brilhar.

Para lá das cerimónias religiosas, havia a festa da família que se deslocava para comemorar o dia festivo.

Nunca mais ouvi a expressão festa de flores.

Penso que era uma expressão doce, que não tem nada a ver com o tempo que se vive hoje.

Boas Festas.

Abraço.

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