Na minha meninice e juventude, sempre ouvi a minha mãe
referir-se à Páscoa como a Festa de Flores.
Não sei se esta expressão é conhecida por quem me lê.
Eu sempre a achei bonita e cheia de frescura.
Penso que seria chamada assim porque a Páscoa acontece na
Primavera, quando as flores já despontam e os campos se mostram com a alegria
da cor e do sol.
A festa de flores era recebida com brio.
Depois das casas bem limpas e arejadas, eram alindadas.
Recorria-se a tudo o que de mais bonito e de estimação havia
em casa para a decorar.
Na segunda-feira seguinte, recebia-se o pároco que ia dar as
boas-festas e benzer as casa com aspersões de água benta.
Era recebido na melhor sala da casa, que cheirava a limpo.
Ainda hoje guardo com muito carinho a toalha que a minha mãe
usava nesse dia.
As flores não faltavam, mas as rainhas da mesa eram as
camélias.
Num pratinho cheio de pétalas de silva fina, uma flor branca
muito delicada, eram depositadas as moedas disfarçadas.
Um pequeno contributo para o pároco.
O sacristão levava com ele um saco onde à saída as
depositava.
A casa era o orgulho de quem a preparava.
Só depois de alguns dias se retiravam os objectos de maior
estimação.
Voltavam às arcas e às gavetas, para no próximo ano voltarem
a brilhar.
Para lá das cerimónias religiosas, havia a festa da família
que se deslocava para comemorar o dia festivo.
Nunca mais ouvi a expressão festa de flores.
Penso que era uma expressão doce, que não tem nada a ver com
o tempo que se vive hoje.
Boas Festas.
Abraço.
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