quarta-feira, 25 de abril de 2012

Suas excelências













Assembleia da República, vinte e cinco de Abril.

Aquela canção de Abril cantada à capela por Paulo de Carvalho, foi a senha para a revolução que arrancava,
É claro que encantou.
Certamente marejou de lágrimas alguns olhos e tornou mais pequeninos, alguns corações.
Contudo, quanto a mim, estava fora do verdadeiro ambiente.
Por muito bem cantada, não tinha verdade, não tinha alma.
Foi apenas uma encenação.
Pelo menos foi o que senti.
Aquelas presenças hirtas, bem comportadas e sisudas, transmitiam ausência de emoções.
Tudo postiço e sem coração.
Não tive paciência para ver o resto.
Tanta excelência enjoa-me.
Aquilo não é o vinte e cinco de Abril que me emocionou.
É apenas uma dramatização.

Fui arejar.
Refrescar o cérebro com um pouco de iodo.
O ar fresco, a maresia e o ram-ram das ondas, não têm nada a ver com aquele mundo encenado.
E o riacho? O riacho que desce em direcção ao mar, cantarolando?
É recebido pelas areias sedentas, que levam as suas águas até às profundezas da Terra.
E se juntarem a outras e a outras e mais a outras, que mais tarde regressarão ao mar…

Não é nada.
Apenas mundos diferentes.

Abraço.

Sem comentários:

Enviar um comentário