terça-feira, 24 de abril de 2012

Uma criança triste

















Primeiro dia de infantário após as férias de verão.

Tinha uns olhos grandes.
Castanhos, amendoados e tristes.
Semblante de menino assustado e inseguro.
Nada lhe era familiar.
E ele sabia que aquela seria a «sua nova casa».
Aqueles seriam a «sua nova família».
Foi difícil a despedida dos pais.
Foi difícil a integração.
Não aceitou facilmente as propostas.
Preferiu sentar-se encolhidinho numa pequena cadeira.
De braços cruzados e meio dobrado sobre si, com se fosse um adulto velho.
Olhava sem interesse os colegas que tentavam contacto.

Uma coisa era certa.
Aquilo não era normal.

«Mãe, porquê esta atitude»?
«Já lhe devia ter dito, Dulce. O meu filho esteve um ano com uma ama idosa. A senhora, para o proteger, sentava-o num banco e embrulhava-o num xaile, que atava atrás das costas. Daí aquela atitude».

Meu Deus, há um trabalho urgente e individual para fazer!
Sistematicamente, sem falhar.

Foi difícil.
Mas compensador.
No fim de três anos, tínhamos uma nova criança.
Interactiva, mas ainda e sempre (?) com uma marca no olhar

O que se pode fazer de uma criança!...

Abraço.

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