terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Cabinda 3













Outubro de 1972. Lisboa/Luanda/Cabinda/Buco Zau – mata do Maiombe.
Devo dizer que fui das primeiras a chegar àquela terra «do nunca».
Fui recebida no quartel, onde me mimaram como nunca imaginei.
Desde o comandante de batalhão, aos oficiais, e todo o resto do pessoal, eram só atenções, simpatias e gentilezas.
Confesso que foi uma surpresa agradável e ajudou muito à minha integração.
O quartel ficava num morro, a mais ao menos três quilómetros da aldeia onde a nossa casa estava situada.
Para lá chegar, tinha que se subir uma picada íngreme, cheia de pedregulhos por todo o lado.
Os jipes bamboleavam-se para um lado e para o outro, como se fossem barcos nas vagas alterosas no mar alto. Era de cortar a respiração.
Enquanto estive sozinha, sem outras companheiras, sempre que podia, ia até lá. A messe era um lugar de convívio.
Jamais me esquecerei dos dois soldados que serviam lá. O Vale e o Moreira eram autênticos amigos. Sempre solícitos e prestáveis. Obrigada, amigos, para sempre. Vocês fazem parte da minha história de vida. Nunca vos esquecerei.
Há também dois motoristas que me marcaram e muito.
Pela simpatia, pela disponibilidade, e pela paciência que sempre mostraram.
Transportaram-me vezes sem conta. Com a sua malandrice natural, olhavam para a minha cara assustada, quando o jipe parecia que ia virar e aceleravam por ali acima
ainda mais. Eram seguros mesmo, eu é que não estava habituada, chegava lá em cima com o coração aos saltos, mas achava-lhes graça.
Onde estiverem, Russo e Boavida, para vocês o meu muito obrigada.
Depois, havia um grupo de oficiais, que foram para mim a família que lá não tinha.
Revelaram-se grandes amigos e protectores.
Um dia destes continuo. Recordar é bonito mas também cansa…
Abraço.

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